sexta-feira, 26 de abril de 2024

Nausea (sartreando)


 Náusea


Em nada, sou remediável. Sou náusea.
Sou angústia sombria no telúrico véu da alma nua.
Quão lúgubre se revela meus desejos incautos?

Sou litania satânica, ode infernal.
Sou alma que se perde sem esperança

Que venha a sagrada inspiração do profano.
A ode existencial, derivada dos hinos ínferos. E os homens?
Eis que a náusea se faz presente.
Na evidencia ofuscante, da mera existência.
Constatação consciente de ser existente.
De uma chaga que sufoca, e subitamente traz à baila a ânsia do vomito.
Sou náusea e existo ofuscado por uma doença da consciência repugnante.
Existo condenado a existir. Sou náusea.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Vilipendiando o caos




Estou em caos
Desculpem o transtorno
Estou no cais
Desculpem o transtorno.
Entro em caos e vilipendio o cais.
Estou em Sartre e no cio da Sutra retumbante.
Entro no cais e me orgulho do caos.
Na volúpia da Sutra, buscando o cio e a sensação no Kama Sartre.

Desculpem o transtorno
Estou em caos

 

 

 

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Ramsagro

 


Q u e r o  p o e m a s ...

P o e m a s  o r g á s t i c o s.

Q u e r o  o r g a s m o s...

O r g a s m o s  p o é t i c o s.

E o  g o z o  p l e n o  d a  a r t e  d e  o r g a s m a r...

 

O r g a s m a r  o  g o z o ,

O r g a s m a r  a  v i d a ,

O r g a s m a r  p o e s i a ,

P o e t i z a r  o  o r g a s m o.

O r g á s t i c o

 



Quero poemas...

Poemas o r g á s t i c o s.

Quero o r g a s m o s...

O r g a s m o s poéticos.

E o gozo pleno da arte de o r g a s m a r...

 

O r g a s m a r o gozo,

O r g a s m a r a vida,

O r g a s m a r poesia,

poetizar o o r g a s m o.

 

 

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Fétida insanidade


Serei grito, serei pomada, serei dor, serei seringa, serei panaceia.
Serei cidade nos escombros de mim.
Resistência sem coerência e coerência na resistência.
Que venha meus vacilos. Que venha minhas pomadas.

Serei odor, serei fedor, serei fétido, como a vulva não lavada da sereia.
Serei luz que não enxerga, voz inaudível, mas serei um anjo maligno que teima e insiste na masturbação da alma.

Serei corpo sem culpa, sem resgate. Corpo e desgaste. Corpo e desastre.
Serei cidade nos escombros de mim.
Escombros delicados, putos, fétido.
Ogra insanidade dos cantos vindos das tumbas de mim.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Feneceu...




Fé... feneceu...

Meus santos? Meu santo?
Escafedeu?
Como rezar? Como buscar afago? Como evidenciar o egoísmo no viés espiritual?
Meus santos se converteram... Meus santos plagiaram o adeus, o Deus.
Meus santos transvaloraram os atos, e os fatos ficaram ébrios...
O que feneceu? Fedeu?
Meus santos são ateus, pigmeus, são meus...

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Memórias...



 São memórias que se perdem.

São remembranças que vão e não mais serão valorizadas.

Vívidas histórias que viram fragmentos e aos poucos tornam-se lembranças não lembradas.


Memórias que irão se perder no vácuo frio e inerte da carne que se putrefata.

Memórias que existem e não mais existirão.

O que sou, um dia não mais existirá; e o que serei por um momento o vácuo de uma lembrança que depois não serei mais que um epitáfio na lápide.



terça-feira, 16 de maio de 2023

Tingida... Fingida



Minha fé fingida, tingida de sangue da menstruação.

O absorvente, absorveu o odor da crença, descrença.

Minha fé tingida, fingida do esporro melado da dor incauta.

Inaudita sapiência improfícua por não saber revelar oração.

Minha fé maculada, imaculada quão incólume meretriz.

E vou orar para os santos nus, ateus, sujos.

E mostrar minha reza, minha vela, minha canção, meu desafino e desatino.

Dentro, êxtase, ênfase, ... Fé tingida, fingida e renuncia a tradição, no amplexo pagão.


E em cada respiração, vou me lembrando que sou decepção, pagão, e tenho a fé fingida, tingida, esquecida.


 

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Satanizar

 



Satanizemos as coisas  

Satanizemos as crenças. 

Satanizemos os milagres. 

Satanizemos a burca, o véu, a grinalda.


Satanizemos deus, deuses, orgias plurais.

Satanizemos os incautos, cultos, impuros.

Satanizemos as putas, as santas, o cabelo na prexeca.

Satanizemos o milagre que nunca pedi, herdei e nunca quis.


Satanizemos os odores, a hipocrisia e as verdades.

Satanizemos a panacéa, a ignomínia e as virtudes.

Satanizemos os lares, os bordéis e as igrejas.

Satanizemos o odres, odores, bolores.


E a estupidez de quem olha para o santo e reza incólume.

E a estupidez dos que se armam do amor e da violência inaudita.

E a estupidez de lutar contra as hordas fascistas liquidificadas na oração do pastor, do padre, da freira, da cria broxável.

Satanizemos, satanizemos, pois o oremos não deu conta, não dá conta, não satisfez.


Satanizemos a monogamia, poligamia, ... a punheta salva.

Satanizemos a ferradura, resistência, frequência, sexo pundonoroso.

Satanizemos as coisas, os raros, fracos, fortes.

Satanizemos o amor. A busca da oração, o acalanto, o ser.



Satanizemos as virtudes, as cores, as lágrimas.

Que o desatino da minha oração, sejam mais que palavras inauditas, mortas, vilipendiadas.

Que minha oração enalteça a dor do odor maldito, mau dito.

Satanizar é preciso. Renunciar é preciso. Satanizar a esperança, e tornar santo a estrela da manhã, pois amanhã o encanto fenecerá, e rugirá o pranto no alvorço da nudez impura.

Satanizemos a existência.

Que venha a perversão...

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Quisera...

 




Quisera ateu, convergir na ausência da letargia.

Quisera rezar sem crer, e conseguir verborragir vileza, indubitavelmente.

Quisera o endorcismo da matéria espiritual, qual fecal.

Quisera a letargia e congestionar o sabor da fé. Qual o sabor?


Quisera... e quisera ser luto e alegria recôndita.

Quisera gozar com os lastros da lembrança, da volúpia.


Quisera ateu, imprimir o modus operandi de minha liturgia.

Quisera observar obcecado o ritual do sexo espiritual.

Quisera a pluralidade da pornografia na cabeça do pau.

Quisera encontrar o santo ateu, tão meu, tão incólume.




terça-feira, 18 de maio de 2021

Trevas... trevas...

 



Teu aniversário é tão vilipendioso, quanto o hálito que exala.

Qual gozo? Qual covardia? Qual dor?

Mentes... Soubesses gozar e nutrir teu clitóris.

Mentes... Experimentasse o gozo fulgás, e adorastes ser santa e puta.

 

Tua vagina ardia de desejo pelo membro varonil.

Tua boca anseou o semên e eu, fiquei à espreita.

 

Espreita do sexo, da ternura, do pecado, do ultraje, da libido.

Fiquei à espreita da tua candura, e vendo teu sorriso encarnado.

Fitei o morcego e quis essa companhia...

 

Necessitava curtir minhas trevas, meus terrores, os horrores de minhas hóstias.

Os tremores da minha carne que se avizinha para ser carcaça.

 

E nada sei, e tudo entendo... Contemplo e amo o negro girassol.

Tragam-me café.