sexta-feira, 26 de abril de 2024

Nausea (sartreando)


 Náusea


Em nada, sou remediável. Sou náusea.
Sou angústia sombria no telúrico véu da alma nua.
Quão lúgubre se revela meus desejos incautos?

Sou litania satânica, ode infernal.
Sou alma que se perde sem esperança

Que venha a sagrada inspiração do profano.
A ode existencial, derivada dos hinos ínferos. E os homens?
Eis que a náusea se faz presente.
Na evidencia ofuscante, da mera existência.
Constatação consciente de ser existente.
De uma chaga que sufoca, e subitamente traz à baila a ânsia do vomito.
Sou náusea e existo ofuscado por uma doença da consciência repugnante.
Existo condenado a existir. Sou náusea.

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