quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Futuro Clandestino





















Contemplo minha cova, que fede a carne carcomida,

o cadáver purulento, aos poucos se extasia,
em oblar-se a sádicas rapinas como excelente comida,
mas apenas vermes escrotos vão torná-la vazia.

Jaz a criatura enegrecida no silêncio imperturbável,
a morada clandestina aglutina a decomposição.
A companhia do epitáfio, alvitra o incomensurável,
congregando dos ínferos a fúnebre emoção.

Ao mirar a essência desprovida, sou tomado pelo pavor,
da matéria fria, inerte a putrefar aos bolores funéreos.
Grito à brisa, que afaga a grama que embeleza este terror:
– Serei eu esta carniça, minguando um vazio etéreo.

Minha existência preludia a corruptividade,
e penso apenas no legado do vegetal lenhoso,
que sombreará e se nutrirá de meus restos em atividade,
com as frutas saboreadas por um outro prelúdio putreftoso.





Escrito em 06/05/2003

Apaixonado

















Quando se pensa no desiderato do coração.

Não se entende, ninguém segura,
se alastra formidável.
Não se explica é formidável.

Rompe grilhões, destroi barreiras.
Seduz todas as potências,
tudo tem novo sentido.
Quando se pensa no desiderato do coração.

Teus olhos iluminam minha face,
teus lábios umedecem os meus,
teu sorriso no mais recôndito do meu ser.
Extraem alegria onde esquecido
estava adormecido.


Eis-me então, pensando…
Se é loucura, louco quero ser.
Se é sensatez, não serei insensato.
Apenas esse verbo toma conta de mim,
e nele ando vagando.

… Apaixonado!!!




Escrito no ano de 2001.