Satanizemos as coisas
Satanizemos as crenças.
Satanizemos os milagres.
Satanizemos a burca, o véu, a grinalda.
Satanizemos deus, deuses, orgias plurais.
Satanizemos os incautos, cultos, impuros.
Satanizemos as putas, as santas, o cabelo na prexeca.
Satanizemos o milagre que nunca pedi, herdei e nunca quis.
Satanizemos os odores, a hipocrisia e as verdades.
Satanizemos a panacéa, a ignomínia e as virtudes.
Satanizemos os lares, os bordéis e as igrejas.
Satanizemos o odres, odores, bolores.
E a estupidez de quem olha para o santo e reza incólume.
E a estupidez dos que se armam do amor e da violência inaudita.
E a estupidez de lutar contra as hordas fascistas liquidificadas na oração do pastor, do padre, da freira, da cria broxável.
Satanizemos, satanizemos, pois o oremos não deu conta, não dá conta, não satisfez.
Satanizemos a monogamia, poligamia, ... a punheta salva.
Satanizemos a ferradura, resistência, frequência, sexo pundonoroso.
Satanizemos as coisas, os raros, fracos, fortes.
Satanizemos o amor. A busca da oração, o acalanto, o ser.
Que o desatino da minha oração, sejam mais que palavras inauditas, mortas, vilipendiadas.
Que minha oração enalteça a dor do odor maldito, mau dito.
Satanizar é preciso. Renunciar é preciso. Satanizar a esperança, e tornar santo a estrela da manhã, pois amanhã o encanto fenecerá, e rugirá o pranto no alvorço da nudez impura.
Satanizemos a existência.
Que venha a perversão...
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